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BRUNO SANTOS: Carta Aberta ao Fernandão.

Capitão,

Eu não sei se tu consegue nos observar aí do céu, mas acredito que sim. Por via das dúvidas, escrevo essa carta para caso isso seja impossível, ou, sei lá, caso tu seja míope e não consiga nos enxergar direito aí de longe, vai saber... Enfim, de toda forma, preciso conversar contigo. E falarei em forma cronológica:

Você se foi de repente. Há mais de dois anos acordávamos com uma das notícias mais tristes da história colorada. Você não sabe, mas naquele dia, milhares de colorados, e até mesmo gremistas, rumaram para o Beira-rio te homenagear. Em um muro, escrevemos mensagens de carinho, histórias de afeto e todas as formas possíveis homenagens. Após um tempo, o muro foi demolido. No início, fiquei inconformado. Só depois fui entender: se aquelas palavras virassem poeira, seria mais fácil de chegarem aos céus.

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Depois disso, construíram uma estátua sua erguendo a taça do Mundial. Você tinha 1,80m né? Pois então, dizem que, em vez de fazerem apenas tu com esse tamanho, fizeram a estátua toda – na qual tu está com as mãos erguidas. Ficou um pouco estranho, não tem problema: por mais que quem olhe possa até te achar pequeno, não restam dúvidas sobre a tua grandeza.

Continuando, o ano de 2014 foi razoavelmente bom para nós dentro de campo. Ficamos em terceiro lugar no Brasileirão e conquistamos a vaga para a Libertadores. Já no ano seguinte, chegamos às semifinais da competição. Desde então, começou o nosso pesadelo.

Após a eliminação, não fomos constantes no Brasileirão.  Ficamos de fora do G4 e, acredite, fomos goleados em um Grenal por 5x0, capitão. Na Arena e em pleno dia dos pais! Pra piorar, o Edinho estava em campo, e do outro lado.

Só isso já seria motivo suficiente para eu pedir desesperadamente a tua ajuda, mas, infelizmente, não parou por aí.

No início de 2016, D'Alessandro foi emprestado ao River Plate. Em seguida, ganhamos o Gauchão e, por duas rodadas, fomos até mesmo líderes do Campeonato Brasileiro. Aí, tu já deve imaginar... Ficamos todos iludidos acreditando que seríamos, finalmente, campeões brasileiros.

Porém, após uma sucessão de erros dentro e fora de campo, amargamos 17 rodadas consecutivas sem vitórias. Bom, a essa altura você já deve imaginar onde quero chegar, não é, capitão? Pois é, pela primeira vez em nossas vidas, veremos o Internacional disputar a segunda divisão. Mas acho que tu não precisa contar isso pro Librelato, né?

Enfim, desculpa aparecer para te contar uma coisa dessas. Eu queria mesmo era estar escrevendo sobre o tri da América, o tetra nacional, a cura do câncer ou, mais importante, sobre a proibição do escanteio curto em partidas oficiais.

Agora, estamos no início de 2017. Mudou o presidente, o técnico, o gringo está de volta e já estamos nos preparando para o ano mais difícil da nossa história.

No entanto, o verdadeiro motivo desta carta não é reclamar, nem pedir ajuda, mas sim, te agradecer.

Obrigado pelo gol mil, feito histórico perpetuado na história do clássico Gre-Nal. Após as derrotas vexatórias para o rival, ele me ajudou a recordar quem realmente manda no estado. Obrigado também por ser um líder dentro de campo e por sempre ter honrado a camisa colorada. Isso que me fez lembrar, mesmo na eminência do rebaixamento, de que sempre vai ter algum jogador capaz de merecer a nossa confiança.

Obrigado, portanto, por toda a história que tu construíste no Inter: dela que tirarei forças para encarar 2017.

Ah! Antes de me despedir, queria te dizer que aqui na Terra pouca coisa mudou. Exceto pela Chapecoense, que é a atual campeã da Sul-Americana, e pelo céu, que em vez de azul, agora está verde. E com 71 estrelas a mais.

Abraço, Capitão. Um dia a gente se encontra, mas também não precisa ser tão breve assim, né?

Saudações coloradas.


Bruno Santos é colunista do Catimba Colorada desde janeiro de 2017.

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