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Porém, deixo claro que absolutamente NADA justifica a violência. Mas entender esse contexto é fundamental para tentar assimilar o que acontece nas arquibancadas. É verdade que na maioria das brigas, são os torcedores organizados que estão envolvidos. No entanto, a instituição em si não é o problema. Acabar com as torcidas não resolveria nenhuma situação, pois camisas, bandeiras e instrumentos não são capazes de brigar sozinhos. Por exemplo, a briga de ontem envolveu, no máximo, 50 pessoas. A Popular, de acordo com meu olhômetro, leva em média 2,5 mil torcedores ao seu setor nos jogos. Grande diferença, né?
Outro ponto a ser levantado é que, muito provavelmente, o Inter banca as viagens das torcidas, possibilitando que elas estejam presentes por um valor mais acessível. Se a atitude da direção está certa ou errada, é questão de interpretação. A realidade é que o clube também lucra com as organizadas. Inclusive, isso não é nenhuma exclusividade do Inter, pois ir ver a La 12do BocaJrs virou uma atração turística de Buenos Aires, assim como o mesmo acontece com o muro amarelo do Borússia Dortmund. Aqui, recentemente, tivemos uma camisa em homenagem às ruas de fogo, festa organizada pelas torcidas.
Inclusive, não são apenas as torcidas organizadas que recebem regalias do clube. Em jogos de grande procura os consulados conseguem garantir seus ingressos de forma antecipada, enquanto muitos torcedores precisam literalmente madrugar em frente ao Beira-Rio para conseguir um ingresso. É justo alguns torcedores terem privilégios nos jogos mais disputados? Esse caso é tão diferente assim do auxílio às organizadas?Novamente, cabe a interpretação de cada um sobre a legitimidade dos auxílios da direção nesse caso, apesar de ser importante lembrar que os consulados também são fundamentais para propagar a marca do clube fora da capital.
Após a briga, a mídia já aproveitou para apontar a violência como a principal culpada dos públicos baixos em estádios, fato que acontece em todo o país, marginalizando os torcedores organizados e defendendo o estádio como lugar para “torcedor de bem”, aquele que leva a família para o jogo. Porém, a mesma mídia ignora totalmente o fato do ingresso para Veranópolis x Inter custar R$ 70,00, valor que com certeza deixou muitos torcedores de fora. Será que eles estão realmente preocupados com o bem-estar no estádio, ou agem de acordo com interesses próprios?
Além disso, muitos torcedores usaram a desculpa da briga para se posicionarem contra a construção de um setor popular e sem cadeiras no Beira-Rio, uma exigência antiga das torcidas organizadas e de grande parte dos torcedores comuns. Entretanto, será que, se tivesse cadeiras no estádio Antônio David Farina, a briga não teria acontecido? Duvido bastante. Aliás, caso ocorresse alguma confusão em um setor popular no Beira-Rio, seria mais fácil de identificar os culpados, por ser um lugar menor e pela facilidade de encontrar nas câmeras os torcedores entrando pelo portão designado ao espaço.
Enfim, chegamos justamente ao ponto chave da situação: é preciso identificar os torcedores. E puni-los. Simples assim. As imagens são claras e qualquer um consegue visualizar facilmente os envolvidos. É papel das torcidas também facilitar a identificação, pois do contrário estarão sendo coniventes com o episódio.Repito: nada justifica a violência, mas entender o contexto em que ela acontece é fundamental. Não quero impor minha opinião, mas sim trazer informações que podem ser úteis à conclusão de cada um.
Quarta-feira tem Inter, tem Beira-Rio, tem Primeira Liga e, se você ficou com medo de ir ao jogo devido aos episódios de ontem, não caia no terrorismo da mídia sensacionalista.Anda a la cancha, bobo!
Saudações coloradas.
Bruno Santos é colunista do Catimba Colorada desde janeiro de 2017.
FOTO ZH - CLICRBS


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